sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Póspacto




Um dia devo ter feito alguma aposta com o demo e perdi, essa minha mania de achar que sempre vou ganhar às vezes me deixa na mão, e deixou.
E como todas as coisas ‘mito-lógicas’ substanciais se escondem por trás da ‘imemória’; esqueci.
Lembrei num espasmo inconsciente desses que baixam ou sobem até nosso entendimento por um cordão prata e lilás que posto tais cores de lado; é também nosso acesso intangível ao mundo dos Deuses constelados.
Foi numa paisagem árida que vi a mim mesma entregando à besta fera o último alforje de moedas para dizimar minhas pendências infernais.E entreguei para o dissabor da criatura nitidamente descrente da minha autocomiseração.
Ainda vai tentar por dados na mesa outra vez, iludir minhas mazelas com novas tentações, vai colocar o néctar e a Ambrósia numa bandeja de ouro e servir-me disfarçado de taverneiro caridoso no meu caminho de volta. Jamais me deixará em paz; desafia-lo uma vez é para seu cerne, pacto perpétuo. Não ligo...
Já sei ver suas marcas nas cerejeiras e nos grãos de areia, percebo sua ira no vento e tiro dela forças para tornar meus passos mais leves.
Levarei comigo a obrigatoriedade da observação dilatada, afio como espada, todos meus sentidos.
Só me resta dizer a meu imortal perseguidor:
-Obrigada.
"Bom seria que todos tivessem dois olhos vermelhos sempre a espreita..."